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quarta-feira, março 09, 2011

Inexplicável.


Eram dois garotos não muito convencionais. Falavam demais, sentiam demais, amavam demais.
Esbarraram-se pela rua em uma tarde normal de segunda-feira. Papeis ao ar. Pedidos de desculpa. Nada demais. Dois passos à frente. O ônibus chegara. Correram novamente. Sentados lado à lado, um sentimento de vontade de conhecer um ao outro. Troca de telefones.
E começaram a se falar, a se conhecer, a se entender.
E o celular dos dois nunca mais parou de tocar. Um frio na barriga ao atender o telefone. Uma angústia de ter que desligar. A vida tinha de continuar.
Um tempo depois, marcaram de sair. Noite divertida, engraçada, repleta de gargalhadas. A rua estava fria, úmida, acabara de chover. Poucos faróis, pouca gente. Uma troca de olhares, de sorrisos, de sentimentos. Um beijo.
-Acho que estou me apaixonando.
Um sorriso sem graça. Mais um beijo.
-Me tornei um bobo apaixonado.- Respondera o outro com bochechas vermelhas.
-Tá na minha hora. Boa noite. Se cuida.
E todo mundo sempre soube que o se cuida é o eu te amo mais escondido por medo das palavras.
No dia seguinte se encontraram novamente. E também nas semanas seguintes, nos meses seguintes, nos anos seguintes.
Se entendiam, se importavam, se amavam.
Enquanto viam um filme qualquer em mais uma noite chuvosa surgiu a pergunta:
-O que te fez apaixonar por mim?
-A maneira como você mexe no cabelo, mexe o nariz quando sorri, como sempre está de bom humor e pronto pra me ouvir.
O silêncio dominou novamente a sala perfeitamente decorada. Até um suspiro seguido do questionamento:
-E você, o que te mantêm apaixonado por mim?
-A forma como nunca me deixou sozinho quando estava triste, como sempre me deixa de bom humor, o carinho que sempre demonstrou.
-Sabe, não te trocaria por nada no mundo.
-Idiota! E acha que eu o trocaria?
E com risadas adormeceram abraçados, apaixonados. E dizem que até hoje se completam, se irritam, se amam. Da maneira mais inexplicável possível.

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