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sábado, agosto 17, 2019

Drama//Ação

Os ponteiros do relógio seguem com a dança do tic-tac. Na minha mesa da cabeceira, o café amarga e esfria em uma melodia estranha sobre conhecer novas companhias. Todo mundo sempre gosta de café pra esquentar a vida, você me dizia. Talvez eu não seja uma pessoa adequada para a cafeína. Sempre preferi leite, repito para mim.

São vinte e três, quase quatro. O vento nos meus cabelos parecem querer me carregar. Agosto passado foi o mês das grandes decepções que me dariam um final incrível. Agosto agora é morno como o fim do inverno.

Sabe aquela ligeira pausa que o ponteiro dos segundos faz, antes de continuar? Me sinto perdida como se aquele momento durasse uma eternidade. Com uma percepção de tempo completamente adulterada. A fração de segundos do piscar dos olhos, do sopro em um dente de leão, do grafite riscando um papel... Todas as pequenas coisas parecem durar.

Se antes o mundo girava rápido demais e me derrubava no chão observando tudo passar, agora tudo desacelerou. A semana voa, mas nada de novo acontece. O ano muda de estações, mas eu estou presa em uma espécie de dimensão paralela, perdida. Aguardando que alguma coisa realmente interessante aconteça.

Entre os meus maiores medos da vida, estão o tédio. A falta de ação, de emoção. Entre os meus maiores medos da vida estão hoje ter vinte e três e daqui uma fração de segundos, serem quarenta e nada ter acontecido.

Eu não sei seu nome

Eu mal sei o seu nome,
Mas eu já te conheci antes.

Eu mal sei seu nome,
Mas eu deitaria no seu ombro e dormiria em paz.

Eu mal sei seu nome,
Mas eu já te abracei mil vezes quando senti que precisava de colo.

Eu mal sei seu nome,
Mas eu espero que você me permita saber.

sábado, fevereiro 09, 2019

Encontros e Partidas

Dói um pouco o coração lembrar que nós dois nunca tivemos realmente a chance de ser. Inocentes, por um breve momento, achamos que tínhamos. Afinal, o que seria estar apaixonado se não a inocência de acreditar ter encontrado a pessoa certa, ou acreditar que passarão a vida juntos?

A vida tem meios estranhos de nos guiar. Eu te conheci quando precisava de você. Eu te conheci quando apenas o seu suspiro de esperança podia tampar minha dor.

Mas agora menino, depois de adiarmos o quanto conseguimos, acho que está chegando a hora da despedida.

Agora meu menino, eu não deveria te chamar mais de meu.

domingo, fevereiro 03, 2019

Vinte e três

Toca minha alma,
O meu corpo.
Me chama pra dançar,
Me incendeia.
Enche um enorme balde
E finalmente me apaga.

Aos vinte e três eu estive pela primeira vez em algo que não se pode definir. Todos os nomes pareciam simples ou supérfluos demais. Não era um contatinho, nem um crush. Não era um ficante, nem uma saída. Talvez fosse um rolo ou um caso. Mas eu também me recusava a chamar de algo assim. Era ele e isso bastava para todo mundo compreender.
Nós éramos simples e complicados demais.
Ele era paz,
E calmaria.
Mas também era o caos
E aquela dor que arde no peito.
Ele era o meu bom dia e os braços que me protegiam.
Era o sorriso que me tirava do chão
E os olhos que me viam no fundo.

Eu era dele e de mais ninguém.
Sem rótulos, títulos ou exibições públicas. 
Ele me tinha na alma, de um jeito completamente complicado, mas tinha.

Aos vinte e três eu me sentia adolescente, com o coração na boca sempre que ele me olhava.

Aos vinte e três ele se eternizou em mim.

Meu reflexo

E no momento em que eu precisava de você, menino, eu te conheci.
Te conheci ao avesso, começando pelo alma e pelas lágrimas. Pra depois conhecer tudo que você é do lado de fora.
Em algum momento da vida, eu te conheci.
Mas eu já havia te visto no meu espelho.
Sempre que tocava seu reflexo você desaparecia. Como uma neblina em forma de gente. 
Acho que o seu problema não é se aproximar, mas é deixar que os outros saibam onde você está.
Nunca de mãos dadas, nunca um cumprimento com selinho, raramente um abraço apertado em público. Nunca muito tempo comigo.
Mas dorme apertado, com os dedos entrelaçados e os lábios no meu ombro. Dá bom dia com beijos demorados e faz carinho nos meus cabelos.
Você é difícil de se entender, menino.
Você é difícil de se amar.


Mas eu amo.