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segunda-feira, junho 13, 2011

Como o vento, ia e voltava.



       Era quase manhã quando ele partira. Estava frio, daqueles que me congelava os dedos. Lembro-me bem de seu casaco preto, quase um sobretudo, o seu cabelo bagunçado pelo vento, a boca avermelhada pelo frio. Beijou-me a testa antes de ir.
- Eu volto.
Deu-se de ombros e seguiu em direção ao carro. Tentei alcançá-lo, não consegui. Minhas meias escorregaram no piso de madeira. Quando cheguei a porta do jardim, ele já havia ido. Gritei às flores que plantamos juntos naquele outono:
- Sentirei sua falta.
Um silêncio enlouquecedor me respondera que não era possível que ele me ouvisse. E assim seria dali pra frente. Deveria acostumar-me com sua ausência. Tentei, juro que tentei, mas era algo muito mais difícil do que esquecer um número de telefone. Estava tentando esquecer de quem abria-me o sorriso pela manhã. Sempre que tentava esquecer que ele não estava ali, uma parte de mim sentia uma saudade inexplicável, daquelas capazes de fazer-me adoecer. Já a outra, bom, a outra nem ao menos existia sem ele.
Aquela não era a primeira vez que tentava me ocupar para não sentir que havia ido. Ele, a cerca de um ano, ia e a cada vez que voltava, a alma acreditava que dessa vez permaneceria. Mas sempre ia novamente, era preciso, eu não sabia muito bem porque só que nunca o questionei. E eu voltava sempre ao mesmo sofá, recolhida aos pensamentos de sempre, de que um dia ele volta, nem que seja para matar a saudade por pouco tempo.
A senhora do fim da rua era daquelas agradáveis companhias. Sua casa tinha um ar de casa de avó, com cortinas florais azuis cobrindo velhas janelas de madeira. Era uma grande amiga, todas as tardes dirigia-me a sua casa, onde passávamos horas conversando sobre a vida e tomando chá na varanda. Certa vez ela me perguntou porque esperar logo por você, entre tantos outros. Permaneci em silêncio. Após um longo suspiro a respondi:
-Não sei, acho que o amo. E esse amor é dele, é o único a quem posso dá-lo.
Ela ficou pensativa. Acho que não compreendia muito bem o que eu tentava dizer.
Alguns meses depois ele apareceu na minha porta, trazia contigo meia dúzia de rosas e um sorriso lindo que encantava-me. Entregou-me as flores, beijou-me e segurou minha mão.
-Sinto muito tê-la feito esperar, eu precisava fazer algumas coisas antes deste dia.
Ajoelhou-se.
-Gostaria de casar-se comigo?
Surpresa, fiquei parada olhando para ele, quando enfim percebi o que estava acontecendo, respondi que sim. Enfim o perguntei:
-Porque tantas idas e voltas?
Com as bochechas rosadas ele me respondeu:
-Estava trabalhando fora da cidade ganhando um pouco para que pudesse ajeitar a vida antes de pedir-lhe em casamento. Voltava sempre por não aguentar a saudade de você.
Agora, algumas semanas depois, vejo seu sorriso todas as manhãs, aquilo espanta qualquer problema. Sem dúvidas há amor, se fosse diferente nenhum dos dois suportaria aquele cansativo ano sem abraços no fim de tarde ou beijos de boa noite.

2 comentários:

  1. beautiful blog :)
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