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sábado, setembro 15, 2018

Pigmento

Úmida, cinzenta, profunda como uma grande poça d'agua que não sabemos onde acaba. Tem dias chuvosos que combinam com a alma.

A luz branca entra pela janela e realça o tom da minha pele. Fria,confusa e anêmica.

Eu sonhei com os dias de primavera. Com o sol fraco que reluz nas folhas e com o bom humor que essa época me trás. Só que mais uma vez me lembrei que sou filha do inverno, do gelo, da seca, do branco, azul e prata.

Na primavera eu floresço, disse a mim mesma, mas é no inverno que sou um poço profundo de arte.

Enquanto o inverno lá fora se prepara para ir embora, aqui estou aprendendo a viver com ele. Decepções nos obrigam a nos conhecermos. Ter um encontro marcado todas as noites com os seus pensamentos fazem o mundo desaparecer.

Estou fraca, mas em breve serei como o gelo. Não sou nem nunca deveria ter sido orgânica. Sou matéria e não sentimento.

Ah meu bem e você se enganou quando disse que eu deveria ter cor, quando o branco é que me favorece.

Eu era azul e você vermelho. Quando me tocou, virei roxo. Mas roxo é cor mutável e tenho enjetado a cada dia mais azul nele.

Nada sou além de pigmento.

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